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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ember - Bettie Sharpe

Sinopse:
Everyone loves Prince Charming. They have to—he’s cursed. Every man must respect him. Every woman must desire him. One look, and all is lost.
Ember would rather carve out a piece of her soul than be enslaved by passions not her own. She turns to the dark arts to save her heart and becomes the one woman in the kingdom able to resist the Prince’s Charm.
Poor girl. If Ember had spent less time studying magic and more time studying human nature, she might have guessed that a man who gets everything and everyone he wants will come to want the one woman he cannot have.
Warning: This story contains sex, violence, and naughty words.
It’s based on a fairytale, but it isn’t for kids. 
You must be over 18 to read.
Charm is a curse. Love is a fire. This story is no fairytale.
Opinião:
Bruno Bettelheim defende que os contos de fadas são, para as crianças, formas de lidar com medos e incertezas. de apreender o mundo, e por isso é que são capazes de as ler repetidamente (ou ver, ou ouvir) diferentes contos em diferentes fases da vida. A razão porque são tão apelativas para os adultos pode não ser muito diferente - afinal, continuamos a lidar com medos e incertezas depois de crescidinhos. Pode explicar também porque a 'moda' dos contos de fadas e do fantástico em geral parece ressurgir em momentos de maior incerteza histórica e cultural. Se for assim, neste início de século XXI é bem capaz de ter vindo para ficar.
Estão na moda agora os retellings. Recontados muitas vezes, os contos de fadas, cuja maioria não tem nem uma fada para amostra, pedem agora novas formas de olhar para eles. A Disney fez isso, tornando-os mais cor de rosa, como exigia a época, e não a faixa etária porque às crianças não arrepia a maldade. Arrepia-nos a nós sabermos que a entendem. 
O século XXI quer versões mais adultas (nem que sejam YA) e mais variedade: há-os mais próximos do original ou mais distantes, mais leves ou mais dark, e há aquelas histórias em que o conto se esconde sob camadas e camadas de... realidade?
Ember não foge à sua natureza de conto tradicional. É, como o título promete, um reconto de A Gata Borralheira, piscando ferozmente o olho à versão loira e doce da Disney. Ember (a história e a personagem) é... wicked. Spicy. Twisted. Safada, picante e retorcida. Divertida. Deforma os contos e espeta uma farpa bem disposta nas versões que correm por aí, com a pergunta: e se estivesse tudo mal contado?
Bettie Sharpe faz da Gata Borralheira uma bruxa - nem boa nem má, mas wicked, twisted e spicy, com cabelos de fogo, um delicioso pé boto, olhos pretos e frios, e três prostitutas por madrasta e irmãs. E são amigas. Faz do Prìncipe Encantado beneficiário e vítima de um encanto que o torna... encantador. E um incómodo. Faz do Baile uma festa de devassidão. Há bonecos de voodo. Há um homem das cavalariças. Há lobisomens. Há sangue, como deve um bom conto tradicional, embora não muito. E há sexo, chamando-se os bois pelos nomes. Até há um Grand Duke com apreço por vegetais, como cenouras e pepinos! :O
A narrativa, na primeira pessoa, oferece-nos uma perspectiva sarcástica dos acontecimentos, e mais ainda da forma como depois eles foram recontados.  Aqui e ali, aparece outro conto de fadas, em versão... Ember.  Nunca nada é como ouvimos. Nem a bruxa da casa de chocolate, num reconte particularmente interessante, nem a Bela Adormecida. Nem a Branca de Neve. 
Acaba a dizer-nos:
"And there you have the whole of it, the truth behind the tale of the Cinder Girl and the Charming Prince. All ended happily, but you do not seem happy to have heard it. Why not? Oh, I understand. You wanted to see heroes rewarded and villains punisehd. You wanted the prince to be noble and his princess to be kind.
Poor dear. I warned you this story was no fairy tale."
Sorri muitas vezes, ri-me umas quantas. Nunca tinha gostado tanto de uma Gata Borralheira, cuja versão Disney sempre me pareceu muito aguada e caseirinha.

1 comentário:

Unknown disse...

Também não gosto da versão da Disney, mas vou ler essa :D