Li há pouco tempo, desta autora, os dois primeiro volumes da série Fever, de que gostei o suficiente para adquirir os seguintes. Tinha, para além disso, lido ma série de opiniões entusiásticas sobre os Highlanders, pelo que entrei no livro com alguma expectativa.
Desisti a 70% do livro, quando o casal lá se entendeu mas se prevê ainda muita desgraceira. Não quero saber. Não tenho o mínimo interesse em saber o que ainda lhes acontecerá e NÃO VOU ler mais nenhum livro desta série. Oxalá o tivesse perdido além da bruma.
Passo a explicar, também eu com grande entusiasmo.
A ideia da viagem no tempo é a mesma do que em Outlander - embora neste caso não seja acidental - e noutros. Podia ser giro, porque não? Há tanto a explorar! As diferenças no ambiente, o choque do tempo, dos valores, das atitudes... Imagino-me num mundo sem os confortos modernos, sem duches quentes nem electricidade, sem comunicações e com poucos livros e consigo prever um sem número de situações e sentimentos contraditórios. Mas aqui não entendo. Não há quase nada. Não estranha nada, pelo contrário. Viaja no tempo e mal se questiona. Apanha e aceita. Casam-na com um estranho e mal se queixa. Gosta de tudo, das casas, das pessoas... nem de uns jeans sente falta. Nem de uma casa de banho. E o café, que este sim, faz falta, aparece, convenientemente armazenado. Tudo é belo e interessante e bem cheiroso (!!!!), casas e homens e tudo. Não há doenças. Não há medos, a não ser o do marido por ser... demasiado belo! Porque a faceta assustadora de troglodita do século XVI não a assusta nada. Oh, boy. Por muito mau que fosse o presente e mesmo que a moça tenha crescido em New Orleans, não entendo a total ausência de choque e o fascínio quase automático com o passado.
Passa-se na Escócia, o que à partida é bom, muito bom. Um livro passado aí tem meio caminho andado para eu gostar. Outlander também era e A Rosa Rebelde também. Só que nestes a Escócia está lá, a História ou o ambiente, e aqui é um pretexto para nomes exóticos e pirilaus XL a aparecer debaixo dos kilts. De resto, podia ser em Trás-os-Montes. Tanto fazia. O rapaz chamar-se Douglas e insistir em chamar lass à rapariga não chega. Não chega, não.
Aparentemente os homens escoceses do século XVI são todos altos, verdadeiros gigantes musculados, sexo ambulante. Sobretudo o herói, que é belo como um deus e 'dotado'... bem, hung like a horse, transpira sexo por todos os poros... e só pensa nisso. E isso é que dá cabo da minha leitura.
A história, mesmo com a interferência do mundo das fadas, do mundo mágico escocês (essencial, mas que aparece de forma escassa e mesquinha) é comum. Há um amor à primera vista, triângulos amorosos, raspões com a morte de um lado e do outro, confusões e desentendimentos. etc, etc.Tudo isto é aceitável, se bem manipulado. Mas não foi. Ele e ela reclamam ódios e amores e etc e etc, mas no fundo tudo se resume a sexo. Sexo é amor e amor é sexo, não há distinção. Quando ele diz que a ama, invariavelmente destaca os seus atributos físicos, a sensualidade, etc. De quando em quando, lá fala das suas outras qualidades. Meh. Ela resiste, resiste, odeia homens belos, mas suspira por eles e deixa-se levar a toda a hora. Meh.
O pior de tudo: ele acha que ela tem que ser 'domada' como uma égua ou 'treinada' como um falcão, com venda nos olhos e tudo. E acaba por fazê-lo, ata-lhe as mãos, tapa-lhe os olhos e leva-a sabe-se lá para onde. Juro que entendia se se tratasse de um mero jogo sexual com consentimento mútuo. Mas ele quer conquistar-lhe assim o coração, o que para ele é o mesmo que DOMINÁ-LA!!! No, no, no, no, no! E ela, uma mulher do século XX que já passou por maus tratos e humilhações públicas e matou o ex em autodefesa, e que de início não quer nadinha com ele (mas quer, meh, afinal ele é sex on a stick... on a pole... with a pole... whatever) acaba por concordar e ceder. E achar bem. Dá-me uma fúria. Dá-me comichões. É a negação de séculos de luta pela afirmação feminina. Pouco me importa que se diga que é um homem maravilhoso. Ele que mostre.
Quando o sexo acontece por fim, ainda se descobre que uma mulher adulta do século XX, que teve durante anos um noivo e aparenta experiência, é... o que é que dava mesmo jeito ao ego masculino? Digam lá, digam lá! Tcha-nã... tcha-nã... é virgem, pois claro, pura como a neve (antes do troglodita ir por ali adiante a pisotear tudo, claro). Ele já teve milhares de mulheres, é um homem empreendedor, mas ela, claro, é o sonho de qualquer macho, purinha, purinha. Mesmo assim, atinge as estrelas, é assim mesmo que o livro diz, as estrelas, para lá das estrelas, logo na sua primeira vez. O homem mal se aguenta, mas não faz mal, só o cheiro deve chegar para a atirar para o orgasmo da sua vida. Meh.
Enfim, podia discorrer e discorrer sobre o exagero de beleza por todo o lado, excesso de atração sexual, trogloditas e mulheres que parecem ter espinha, mas não têm. Podia. Mas não vale a pena. O que não vou é deixar-me convencer que aquilo é amor, nem que o homem não age como um tipo das cavernas. Nem sequer ponho aqui a sinopse, e vamos lá ver se depois disto, ainda sou capaz de voltar à série Fever, porque parece-me que este terceiro volume vai ser um bocado isto - homens belos e dominadores, e sexo, sexo, sexo.
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