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quinta-feira, 30 de abril de 2015

O Espião Português - Nuno Nepomuceno


Quando este livro foi publicado pela primeira vez, tive alguma curiosidade, mas acabei por deixá-lo passar. Com a nova edição, desta vez com a TopSeller, achei que estava na altura. Fui tentada numa ida aos Correios (é verdade, deixo-me tentar assim), trouxe o livro para casa e comecei-o quase de imediato... e acabei-o quase de imediato. 


Embora esteja escrito no presente, o que me obriga sempre a um período de adaptação, a leitura é extremamente fácil, quase compulsiva, graças a um excelente ritmo e ao protagonista. Começa mesmo no meio da acção e quase não tem momentos mortos, mantendo as personagens  sempre em movimento. Acompanhamos essencialmente o protagonista, claro, pelo que vamos tendo conhecimento das coisas sobretudo sob o seu ponto de vista. Os curtos flashbacks fazem sentido, bem como os momentos da sua vida - muito jogging faz o rapaz! - porque facilitam a empatia, o que à partida é muito fácil: André é bonito, atlético, inteligente, determinado, mas humano, com um forte sentido de família e amizade e um coração partido.

Acho óptimo que seja um livro português, no sentido em que o protagonista é essencialmente português, vive em Lisboa, tem amigos portugueses, trabalha para o Governo português. É refrescante, quase inédito, e o Nuno Nepomuceno conseguiu fazê-lo muito bem, sem exageros nacionais e numa intriga quase bondiana, o que só por si vale pelo menos uma estrela no GR. Dei-lhe 4. Os espiões são todos bonitos e misteriosos, como num filme do James Bond (disso não gostei tanto, mas faz parte do género, vamos imaginar que os escolhem a dedo...), o vilão tem uma figura característica e há um enorme segredo e uma possível ameaça - global ou não? As personagens movem-se em altos círculos da política internacional, em espaços que não conheço, mas nos quais consegui imaginar-me com facilidade. Claro que não faço ideia dos protocolos e se estão bem retratados, mas é irrelevante para o caso, afinal isto é ficção. Não há nenhum exagero de descrição, nem nos espaços, nem na acção - as lutas, por exemplo, estão na medida certa.

A escrita é simples, directa e funciona bem. Como referi, estranhei o uso do presente, e logo a seguir esqueci-me disso. 

Consegui adivinhar bastante cedo o que se passava com André - qual era o segredo que lhe escondiam - o que não reduziu em nada o meu desejo de ler o resto, sobretudo para saber que destino lhe cabia. Estou, aliás, ansiosa por saber nos próximos livros e a torcer por ele, não só pela sua sobrevivência, mas pela sua recuperação, física e não só. E falta-me saber, afinal, como é que ele pode funcionar como... ah! Não, não! Spoiler alert!  

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