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terça-feira, 6 de setembro de 2016

É mesmo para ver pelo buraco da agulha!

A péssima imagem é foto minha da capa.
Não se encontra imagem desta edição.
Habitualmente tenho de pensar um pouco antes de escrever uma opinião. Desta vez, sei com exactidão porque não gostei mais. Esta foi a minha primeira experiência com Follet e não me apaixonei. Sei que lerei pelo menos Os Pilares da Terra, mas não é provável que volte a ler um (dele) deste género. 

A história é interessante, mas não me agarrou, como acho que uma história de espiões deve fazer. Há certos livros que podemos ir lendo e desfrutando, mas um deste género deve, para mim, suscitar uma leitura compulsiva, o que não aconteceu. Há várias perspectivas, a do espião, a dos que o perseguem, a de Lucy, e interessei-me razoavelmente por elas e pelas personagens, mas, sempre que já estava semi-empolgada com uma linha narrativa, era interrompida para acompanharmos outra. Pode ser aceitável, por vezes, mas não fez nenhum sentido, por exemplo, que o climax da acção fosse suspenso para uma página de soldados a jogar às cartas - nem me lembro se no submarino alemão, se no barco inglês. Isto aconteceu outras vezes, noutros pontos da narração. 

O pior, porém, foi a tradução. Tento sempre evitar que a má tradução funcione contra o livro, porque não é culpa do original, e, sendo esta edição bastante antiga (de 1981), esforcei-me realmente para que a tradução terrível não influenciasse a leitura. Não consegui. Nunca li uma tão má. Tão má, tão má, que se fosse actual, pensaria que certas partes tinham sido metidas no tradutor da google. Assim, decerto tiveram direito a um dicionário ao lado das páginas, a assegurar uma tradução literal, palavra a palavra. Cheguei a perguntar-me se alguém que soubesse português teria lido a tradução antes de publicar, porque há frases que não fazem sentido, como "Jo equivocou o olhar contemplativo da fúria dela" e muitas, mas muitas, em que consigo ler o inglês por trás da frase, mas em que a expressão não existe dessa forma em português, como "O poder do pensamento inteligente deslizou suavemente dele". What?? Por vezes são parágrafos inteiros de parvoeira. E o "haviam", aos montes? E "ela pôs o comer"? Não, não, não. 

Li este livro, pois, dividida entre a determinação para chegar ao fim, apenas para saber como se desembaraçavam do espião e o que sucedia a Lucy (confesso que fui ler o fim para saber se ao menos isso me agradava), o desejo que isso acontecesse depressa e a preguiça de ler o livro, e um estado de permanente irritação com a maldita tradução. Chamem-me picuinhas. Não quero saber.

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